PRODUÇÕES DE FILMES E SÉRIES SE REINVENTAM DURANTE A PANDEMIA
Tanto as histórias quanto as formas de produção se adaptam à nova realidade para não parar
Por Claudine Varela
Em tempos nos quais o isolamento social tem um peso grande na vida prática, as produções de filmes e séries ficaram abaladas. Elas são atividades coletivas e tiveram que buscar soluções de acordo com a nova realidade, provocada pela COVID-19. Muitas obras que estavam em andamento foram paralisadas temporariamente, como The Batman, com Robert Pattinson, mas a indústria audiovisual produziu mudanças para continuar funcionando e ainda viu seu mercado crescer no conteúdo de streaming.
Ainda que seja muitas vezes diminuído enquanto arte, o audiovisual foi o que mais rapidamente refletiu e inseriu essas novas e obrigatórias formas de relação e proteção impostas pela conjuntura de pandemia. Pela característica de reunir pessoas e colocá-las em contato muito próximo, depende dessas adaptações para se manter vivo e dialoga muito rapidamente com o cotidiano, na realização e na audiência.
Por conta disso, roteiros foram alterados em séries já consagradas pelo público, como This Is Us, que inseriu a pandemia no cotidiano das personagens, abordando tanto a prevenção quanto a vacinação. Já Grey’s Anatomy focou no atendimento aos pacientes de COVID dentro do hospital e o que o envolve. Na mesma linha seguiu a brasileira Sob Pressão, que já tratava da rotina de um hospital público, seus médicos, funcionários e pacientes. Outras séries, como Bull e Law & order: special victims unit, também inseriram a nova rotina de cuidados com o Coronavírus em seus episódios.
Usando a pandemia como tema, foram desenvolvidas séries documentais, como A Corrida das Vacinas (Globoplay), cujo título já mostra do que trata, as pesquisas e a necessidade de se encontrar uma vacina para conter o novo vírus, e Explicando… o Coronavírus (Netflix). Esta, por ter sido lançada em 2020, aborda informações iniciais sobre o vírus e a pandemia.
Também foi realizado o documentário Coronavírus – A História Não Contada, que acaba apresentando teorias, desde o início, conhecidas e divulgadas nas mídias.
Na categoria ficção, também surgiram algumas produções, a maioria relacionada ao isolamento social e o que ele provocou nas pessoas e relações.
Songbird, filme de ficção passado em 2024, avança sua história a partir do isolamento social provocado por uma nova pandemia, a da COVID-23.
Mas a maior parte das produções relacionadas ao isolamento é, sem dúvida, de séries. Só no Brasil, Diário de um Confinado (Globoplay), Amor e Sorte (Globo), Carenteners (Warner Channel) e Se Eu Estivesse Aí, por exemplo, falam do relacionamento de casais durante a pandemia – principalmente, porque Amor e Sorte tem um episódio que foge ao tema.
Já 5xComédia (Prime Vídeo), Horas em Casa (Canal “Eu de Você”/Youtube), Diário de uma Quarentena (Youtube e Instagram) e Sala de Roteiro (Youtube) trazem reflexões sobre a quarentena, novas rotinas individuais, coletivas e de trabalho. Além das produções locais, Distanciamento Social (Netflix) é mais uma opção que reflete sobre as questões geradas pelo isolamento causado pela pandemia.
Mas, talvez o mais interessante de tudo isso seja a mudança na forma de se produzir o conteúdo audiovisual. Em todas as obras precisaram ser encontradas soluções para se realizar o trabalho. Nesse quesito, a criatividade foi colocada à prova incessantemente, aliás, ainda o é, pois o mundo continua atravessando ondas da mesma pandemia.
Além das alterações objetivas nos roteiros, inserindo a realidade pandêmica no dia a dia dos personagens, as séries e filmes se voltaram para contar histórias mais intimistas, ou sob essa perspectiva, já que demanda um menor número de pessoas envolvidas, pois, de início, já exige menos pessoas em cena, o que vai reduzindo todo o número necessário envolvido, inclusive de cenários e figurinos.
Outra solução encontrada foi os atores gravarem em suas casas, sendo orientados tecnicamente, na produção, na fotografia e na direção, à distância.
Mesmo que o mundo aguarde, com ansiedade, o fim da COVID-19, as mudanças no setor audiovisual parecem ter vindo para ficar.
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